O relato descreve que um homem de 71 anos compareceu a uma consulta de monitorização da terapia com a varfarina, quando lhe foi detetado um valor de INR compatível com um elevado risco de hemorragia.

O senhor estava a fazer medicação constante com a varfarina e outros medicamentos havia mais de 9 meses. Os valores da monitorização ao longo desses meses estavam dentro do normal, e portanto foram estudadas todas as possibilidades de interação com a varfarina.

Acabaram por descobrir que o doente tinha começado a tomar, um mês antes da consulta, uma colher de granulado de pólen apícola (duas vezes por dia). Suspeita-se que alguns componentes do pólen – flavonóides – com capacidade de inibir as enzimas hepáticas CYP2C9, tenham levado ao aumento da quantidade de varfarina no sangue, motivo pelo qual o risco de hemorragia aumentou.

Apesar da explicação do risco de interação entre o pólen apícola e a varfarina, o doente insistiu em continuar a consumi-lo, pelo que foi necessário reduzir a dose semanal de varfarina. O doente continuou a ser acompanhado e acabou por estabilizar.

Alerta-se para o risco de interação a quem possa estar a fazer terapêutica com este anticoagulante e consuma também o pólen apícola. Acrescenta-se ainda que, outros medicamentos, como alguns anti-hipertensores, alguns antidepressivos, e mesmo alguns medicamentos para a diabetes, podem também ser alvo desta interação.